Demora sob a azinheira-caramanchão (2)

Tenho caminhado nas imediações da azinheira-caramanchão em Monsanto desde o início da Primavera. Os sucessivos regressos aos mesmos lugares aguçaram ainda mais a minha atenção e curiosidade sobre o que por ali havia, em particular as plantas, e como estas vão variando e se vão sucedendo ao longo das semanas e meses. Num enorme prado em declive suave junto ao Pólo Universitário da Ajuda, pude assistir à fascinante e prodigiosa sucessão de herbáceas, muitas delas com flores vistosas, como os diversos tipos de malmequeres, as malvas, as soagens, as chicórias, os verbascos, ou os vários cardos. O corrupio de variados insectos – em particular, abelhas e escaravelhos de diferentes tipos e tamanhos – atraídos pelas flores era igualmente notável. O outro grupo de herbáceas muito abundante e diverso naquele prado, ainda que mais discreto, é o das gramíneas. A diversidade de formas das suas sementes, que convidam a um olhar apurado e demorado, assim como a flexibilidade das suas hastes, ondulando ao sabor do vento, são especialmente deslumbrantes. Várias vezes me deixei ficar, o corpo suspenso em momentos esquecidos de pura contemplação e êxtase, perante tamanha preciosidade e tão profunda sabedoria.

Álvaro

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